A Condição Humana na Contemporaneidade: ponto de partida deste programa interdisciplinar

O contexto contemporâneo impõe novas demandas às Ciências Humanas e Sociais e estas podem e devem contribuir para a renovação da análise e para a reconstrução da categoria de humano e de sua condição na contemporaneidade. Nesse contexto, estão presentes o avanço científico e o desenvolvimento tecnológico, as novas relações e configurações homem/maquina, a economia neoliberal no capitalismo global, que incluem os problemas climáticos e ambientais, a migração e a mobilidade, as novas formas de cultura e a conservação das comunidades tradicionais, as diferenças inter e intra geracionais, étnico-raciais e de gênero, a educação, arte e culturas populares, as desigualdades oriundas de explorações seculares, o engajamento nas novas formas de comunicação, entre outras tantas características. Tudo isso tem desafiado o conceito de humano, bem como a explicação e interpretação de sua condição tal como nós o conhecemos. As mudanças das condições históricas e sociais que dão suporte à nossa existência têm afetado o modo como nós nos compreendemos, o modo como nossas representações sociais e culturais, nossos modos de participações políticas e ativismos tem se constituído e têm também alterado profundamente nossas práticas de pesquisa e ensino e os processos educativos envolvidos. É, portanto, necessário que analisemos a condição dos sujeitos contemporâneos e como estes se relacionam com as transformações em curso. É preciso analisar e compreender de que modo a sociedade, nas suas constantes e contraditórias alterações, perpetua e faz surgir desigualdades, ressalta ou reafirma as diferenças, e isso apenas pode ser feito de modo complexo pela compreensão interdisciplinar desses fenômenos. Esta área de concentração se dedicará, portanto, ao estudo dos aspectos sociais, culturais, políticos, econômicos e ambientais próprios da contemporaneidade, relevando não apenas as questões próprias da atuação dos sujeitos e da organização social, mas também o debate teórico sobre a condição humana nessas novas configurações, em uma tentativa de compreender os fenômenos de forma mais ampla que a proporcionada pela disciplinaridade. É relevante, portanto, para esta área todo o estudo da configuração das sociedades contemporâneas e o que ela implica para a Humanidade.

 

 

Linha de Pesquisa 1: Sujeitos de Discursos, Narrativas e Mobilidades

As sociedades contemporâneas estão marcadas pela possibilidade de atuação e participação política, cultural, educacional e comunicativa diversa e intensa. Isso faz com que os sujeitos, cada vez mais, produzam, reproduzam, sejam afetados, afetem, rompam e se alinhem com narrativas e discursos presentes nos mais diversos meios de comunicação. Este campo pode ser entendido como das mobilidades de pessoas, coisas e ideias. Esta linha de pesquisa deve seguir, portanto, o caminho da análise de fenômenos humanos relacionados à atuação e participação social, sendo relevantes como possíveis temas: a questão dos direitos; a atuação nos meios digitais de comunicação possibilitados pela Internet; a circulação dos discursos; a participação política e social; as narrativas midiáticas; o funcionamento da mídia em tempos de Internet; o estudo das redes sociais (digitais ou não); as rupturas causadas pelo embate entre o tradicional e o moderno; a multifacetação da condição humana, entre outras tantas possibilidades. As pesquisas em torno desses temas, submetidas a esta linha de pesquisa, poderão contribuir para a compreensão das novas formas de atuação e participação social e para a teorização, estudo e problematização de conceitos e categorias presentes na ciência atual, como os de: sujeito, discurso, mídia, mobilidades, narrativas e redes sociais.

Linha de Pesquisa 2: Desigualdades e Diferenças no Contemporâneo

As sociedades contemporâneas estão marcadas, local e globalmente, pelas desigualdades e pelas diferenças sociais de várias ordens e trazem para o debate as questões sobre os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e ambientais. Entende-se que essas questões não abordam apenas os aspectos jurídicos, políticos e institucionais, mas também as dimensões: culturais; econômicas; identitárias; poder; produção de sujeito; subjetividades; gênero; etnicidade; relações intergeracionais; mídia; sexualidade e educação dentre outras, exigindo um re-pensar do sujeito contemporâneo. Nesta perspectiva, esta linha pretende analisar de modo interdisciplinar as condições humanas na contemporaneidade e a reprodução ou as possibilidades de mitigação das desigualdades tendo em vista os marcadores das diferenças. Assim, coloca em debate o trabalho e sua precarização em um mundo capitalista e global; o papel da cultura popular na constituição das sensibilidades e subjetividades dos sujeitos contemporâneos e das epistemologias do sul; o corpo, o gênero e a sexualidade na interseccionalidade com as condições étnico-raciais e de classe; a produção de identidades sociais e políticas; a educação; a ciência; a biotecnologia; as relações com o ambiente urbano e a distribuição de recursos naturais; as epistemologias feministas e os estudos do humano e pós/trans/humanos.

Imagem: recorte de Manto de Apresentação - Arthur Bispo do Rosário